- Hoje eu estou angustiado...
- Esta angústia tem a ver...
- O que o senhor pode fazer por mim? (Eu? Fazer por ele!)
Pois é, uma tentativa de imprimir neste artigo algo que, antes, precisa ser pensado, para depois, talvez, ser escrito.
Afinal, como identificar "aquela coisa" que se sente...que dói no peito?
Há, primeiro, de ser nomeada para poder ser compreendida.
Em geral, diversas situações ou acontecimentos podem gerar angústia; por exemplo, mudanças que percebemos a vida nos impor.
Qual o melhor momento para mudar?
Como se efetiva essa mudança?
Como lida-se com o medo que se antepõem à ela?
Bom, não é tão simples assim não. Mas, também não é impossível fazer frente àquilo que assusta por um momento.
Entrar em contato com o que incomoda é o primeiro passo; e como tal, o mais difícil.
Poder avaliar a amplitude deste "incômodo" e tentar rastrear sua origem é uma tarefa um tanto rica.
O que é que "não" sabemos?
Toda a mudança requer uma atitude, uma ação.
Entre aquilo que se tem e aquilo que se deseja é importante que haja a construção de uma ponte.
Ponte esta que possibilitará o processo migratório das plagas de onde estamos para o paraíso onde se quer estar.
No entanto, cada pedaço dessa ponte será colocado apenas por quem anseia à mudança; cada pedaço é constituído de material próprio...visceral, é singular, é de cada um.
É com os elementos constitutivos da subjetividade que será possível dar lume à esta travessia.
O processo, parece, bem interessante e engenhoso, pois convoca toda uma mobilização para o desejado. E haja investimento, haja aposta, haja coragem!
Talvez a angústia resida mais na ansiedade gerada sobre o "como será?" do que no desenrolar dos fatos, na "atuação" bemfazeja da edificação da ponte.
Parece ser possível constatar depois, com um certo prazer, de que as coisas não tinham o tamanho que pareciam ter. Minha experiência de consultório aponta para isso em quase oitenta por cento dos casos.
Dar a largada para a construção da ponte possibilita talvez perceber o quanto de resistência existe...e olha que há muita resistência em entrar em contato com o que carece de ser mudado... É possível perceber também se esta resistência não é reincidente...sabe, lá, nos tempos de outrora... Aí ela aparece "amadurecida" e muito mais densa, com outra roupagem, mas sempre esteve lá.
O importante é não recuar, ou ainda, não se deixar ser "re-capturado" pelo medo que paraliza...engessa...
Que alívio constatar, depois, o coroamento da migração; que prazer desfrutar da conquista saborosa e imaginar que o "auto exame de consciência" (que a vida nos convoca fazer) valeu à pena.
Isto fortifica e nos predispõe a novas apostas, a novos desafios.
Medo saudável chama-se desafio...
Medo na medida certa é prudência!
Octávio Marcondes Machado Marchi.
Graduado em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu. Psicanalista pelo Centro de Estudos Psicanalíticos – CEP (http://www.centropsicanalise.com.br/), atuando na Rede de Atendimento (Clínica do CEP), Membro da Equipe do Periódico ”#Falo” e com consultórios em São Paulo.