sexta-feira, 21 de março de 2008

Angústia, prenúncio de algo...

Alguns pacientes iniciam a sessão assim:

- Hoje eu estou angustiado...
- Esta angústia tem a ver...
- O que o senhor pode fazer por mim? (Eu? Fazer por ele!)

Pois é, uma tentativa de imprimir neste artigo algo que, antes, precisa ser pensado, para depois, talvez, ser escrito.
Afinal, como identificar "aquela coisa" que se sente...que dói no peito?
Há, primeiro, de ser nomeada para poder ser compreendida.
Em geral, diversas situações ou acontecimentos podem gerar angústia; por exemplo, mudanças que percebemos a vida nos impor.
Qual o melhor momento para mudar?
Como se efetiva essa mudança?
Como lida-se com o medo que se antepõem à ela?

Bom, não é tão simples assim não. Mas, também não é impossível fazer frente àquilo que assusta por um momento.
Entrar em contato com o que incomoda é o primeiro passo; e como tal, o mais difícil.
Poder avaliar a amplitude deste "incômodo" e tentar rastrear sua origem é uma tarefa um tanto rica.
O que é que "não" sabemos?
Toda a mudança requer uma atitude, uma ação.
Entre aquilo que se tem e aquilo que se deseja é importante que haja a construção de uma ponte.
Ponte esta que possibilitará o processo migratório das plagas de onde estamos para o paraíso onde se quer estar.
No entanto, cada pedaço dessa ponte será colocado apenas por quem anseia à mudança; cada pedaço é constituído de material próprio...visceral, é singular, é de cada um.
É com os elementos constitutivos da subjetividade que será possível dar lume à esta travessia.
O processo, parece, bem interessante e engenhoso, pois convoca toda uma mobilização para o desejado. E haja investimento, haja aposta, haja coragem!
Talvez a angústia resida mais na ansiedade gerada sobre o "como será?" do que no desenrolar dos fatos, na "atuação" bemfazeja da edificação da ponte.

Parece ser possível constatar depois, com um certo prazer, de que as coisas não tinham o tamanho que pareciam ter. Minha experiência de consultório aponta para isso em quase oitenta por cento dos casos.
Dar a largada para a construção da ponte possibilita talvez perceber o quanto de resistência existe...e olha que há muita resistência em entrar em contato com o que carece de ser mudado... É possível perceber também se esta resistência não é reincidente...sabe, lá, nos tempos de outrora... Aí ela aparece "amadurecida" e muito mais densa, com outra roupagem, mas sempre esteve lá.

O importante é não recuar, ou ainda, não se deixar ser "re-capturado" pelo medo que paraliza...engessa...

Que alívio constatar, depois, o coroamento da migração; que prazer desfrutar da conquista saborosa e imaginar que o "auto exame de consciência" (que a vida nos convoca fazer) valeu à pena.

Isto fortifica e nos predispõe a novas apostas, a novos desafios.
Medo saudável chama-se desafio...
Medo na medida certa é prudência!

Octávio Marcondes Machado Marchi.
Graduado em Filosofia pela Universidade São Judas Tadeu. Psicanalista pelo Centro de Estudos Psicanalíticos – CEP (http://www.centropsicanalise.com.br/), atuando na Rede de Atendimento (Clínica do CEP), Membro da Equipe do Periódico ”#Falo” e com consultórios em São Paulo.

sábado, 15 de março de 2008

A VIDA NÃO COMEÇA “SÓ” AOS 40

A VIDA NÃO COMEÇA “SÓ” AOS 40
ELA COMEÇA NO MOMENTO EM QUE NOS AUTORIZAMOS A VIVÊ-LA
INTENSAMENTE A CADA MINUTO.

Pois é, fazer quarenta anos...
E lá venho eu novamente com os meus escritos...
Falarei por mim, de minhas experiências, de minhas conquistas, mas, em se tratando de vida, talvez algumas coisas nos sejam muito comuns.
Se eu não estiver dizendo nenhuma novidade a você, isso será um excelente indício.
Até aqui, nesta primeira etapa de vida foi um contínuo descobrir...olhar para dentro e poder constatar o que eu precisaria preencher, pois que ainda estava vazio de algo meu mesmo.

Aos poucos fui conseguindo substituir algo que não era meu por coisas que continham em si mesmas as minhas marcas, os meus estilos. E aí fui ganhando expressão própria.
Fui me reconhecendo como sujeito pensante. Fui me autorizando à vida e perdendo as cargas de culpa e medo que, me parece, acompanha a todos nós. Problema sócio-cultural. Herança judaico-cristã...

Em um dado momento você se questiona se aquilo tudo é seu mesmo ou se você apenas está reproduzindo algo.
Qualquer coisa valida o não entrar em contato consigo. E este é o grande convite reformador que a própria vida oferece... Ela pega na sua mão e diz: - Vamos?
Você percebe o quanto é inócuo continuar por um caminho utópico e acaba cedendo ao doce e sedutor convite da vida.

Claro, dá-se um desconto. Enquanto somos ignorantes de nós mesmos vá lá que não caminhemos... Mas, à medida em que passamos a entrar em contato de que algo precisa ser feito e continuar no velho mote de não fazer nada...aí a angústia triplica

A vida não começa “apenas” aos quarenta anos, não!
Ela começa no momento em que nos autorizamos a vivê-la intensamente a cada minuto.
E aí, nunca mais (para nossa sorte) deixaremos de nos levar em conta...
Lição aprendida, jamais esquecida.

Para quem se permite, a vida oferece um LEQUE de opções e apostas.
E já que nossa mente tem a capacidade de simbolizar...escolhi este singelo objeto para que você, a cada vez que o vê-lo, se pergunte o que deve estar fazendo por você naquele momento para ser melhor... Qual é a minha aposta? O que quero pra mim? E por aí vai...

Hoje sou mais feliz que ontem. O processo continua...sempre...sempre
Não há “cura” no processo de nos tornarmos melhores...que bom!
Obrigado pela oportunidade que você me oferece de poder compartilhar.
Agite o "leque" que a vida lhe oferece e se permita ao frescor de novos desafios.